03/07/2008

Kill Bill (2003)

Kill Bill, esta brincadeira a sério, é feito de dois filmes que são um só – já existe uma versão condensando as duas partes, com uma montagem própria, ainda que os cinemas do mundo tenham exibido em dois 'volumes' diferentes. Esses volumes, por sua vez, têm também diferentes versões. Não há versão 'definitiva', há versões diversas. Serão dois filmes diferentes que se completam ou um único filme que se desdobra em dois? Não importa – podendo ser único sendo mais do que uno, apenas existe, e isso já é muito. Neste filme duplo, que se desdobra em sabe-se lá quantos outros filmes, acontece a construção de um universo narrativo único e momentâneo a partir de uma colagem de referências mil. Este acontecimento, de forma decisiva, muda o rumo de tudo que pode surgir daqui em diante quando se falar e se fizer cinema. Porque Kill Bill é o próprio cinema de seu tempo. Se há hoje uma possibilidade de pureza do cinema, essa possibilidade ganhou o nome de Kill Bill. É um filme puro-sangue – sangue falso, sangue de cinema, de cinema vivo.

Publicado pela primeira vez em fevereiro de 2004